Práticas de eugenia em reprodução humana e alienação social
Título: Práticas de eugenia em reprodução humana e alienação social
Autora: Lilian Denise Mai
Periódico: Revista PRACS
Volume 14, Número 1. 151-166
Ano de publicação: 2021
RESUMO
O objetivo do artigo é refletir sobre a conformação do ideário da eugenia sob
um ponto de vista de alienação dos indivíduos no processo de produção social da existência humana. Pautado em revisão bibliográfica, busca-se retomar conceitos que tratam da formação do ser social pela manifestação do trabalho para fundamentar a compreensão da exclusão ou da alienação de jovens e adultos trabalhadores, frente a conceitos como aptidão ou inaptidão à procriação diante do desenvolvimento técnico-científico no campo reprodutivo. Discute-se que a procriação não é apenas um fenômeno biológico, mas, social, e, como tal, carrega as marcas da materialidade e da ideologia das relações sociais de cada momento histórico; no sistema capitalista, que é um sistema de reificação dos seres humanos, a eugenia também serve a esse fim; a eugenia é uma prática social aliada ao desenvolvimento tecnológico e científico e, uma vez que este não está acessível a todos, ela reforça o controle de uma classe sobre outra, utilizando-se da classificação de indivíduos aptos ou inaptos à procriação e de práticas de eugenia e/ou eugenética positiva e negativa; e, a eugenia perpetua o círculo de autorreprodução alienada, pois enquanto a maioria trabalha e concorre incessantemente para realizar o desenvolvimento constante do gênero humano, essa mesma maioria não usufrui dos avanços alcançados, inclusive no campo da reprodução humana, ao mesmo tempo em que é expropriada dos meios de produção no quadro das relações sociais. Conclui-se que práticas e ideias de eugenia existem sob a égide da luta de classes e da alienação nas mediações estabelecidas, corroborando para a reprodução social do modus operandi de uma coletividade.
Palavras-chave: Eugenia; Alienação social; Ciência, tecnologia e sociedade; História.