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Comunidades Terapêuticas: “novas” perspectivas e propostas higienistas

Acadêmica: Renata Cristina Marques Bolonheis Ramos

Orientadora: Maria Lucia Boarini

Ano: 2012

Resumo: Observamos nos últimos anos uma retomada das discussões sobre o uso do álcool e outras drogas, não só no Brasil, mas em diversos países do mundo. De fato, a questão constitui atualmente uma grande problemática, que tem sensibilizado a opinião pública e chamado a atenção da mídia, sendo muitas vezes tratada de forma superficial e imbuída de estigmas e preconceitos. Com isso, inviabiliza-se o debate democrático e se desvincula o problema de seu contexto e desenvolvimento sócio-histórico. Nesse sentido, queremos dizer que o uso de substâncias psicoativas não é uma questão da atualidade, haja vista, por exemplo, a mobilização dos higienistas junto à Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM) no início do século XX. Muitos foram os investimentos e as campanhas dessa entidade à causa do combate ao alcoolismo na sociedade brasileira. Assim, o presente estudo tem por objetivo destacar a relação entre os pressupostos defendidos pelos higienistas na primeira metade do século XX acerca do uso de substâncias psicoativas, as atuais políticas públicas sobre álcool e outras drogas no Brasil e as propostas de intervenção das comunidades terapêuticas (CT) na atualidade. Enfocamos nosso estudo em tais entidades, pois as mesmas, que até o ano de 2010 não faziam parte da cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS), foram incluídas na rede de atenção psicossocial, o que tem alimentado várias polêmicas e discussões por parte de entidades e categorias interessadas no assunto. Para atender ao objetivo proposto, realizamos uma pesquisa bibliográfica e documental com materiais que abordam a questão do álcool e outras drogas, desde o início do século XX até as discussões atuais, com enfoque nas comunidades terapêuticas. No desenvolvimento desse estudo foram realizadas leituras e análises inspiradas na vertente do materialismo histórico. Assim, foi possível identificar aproximações entre o tratamento proposto pelos higienistas e pelas comunidades terapêuticas da atualidade. A título de conclusão, podemos dizer que quase um século se passou desde que os higienistas iniciaram a sua marcha contra o álcool e o problema parece se agravar continuamente. Diferentes forças, interesses, necessidades, de cunho político, econômico, social vêm tecendo a complexa história da atenção aos usuários de álcool e outras drogas. E se os problemas são produzidos pelo conjunto da sociedade, é desse conjunto que deve partir a solução, embora a história nos diga que o ônus maior tem sido atribuído aos usuários, às pessoas que os cercam e à saúde pública.

 

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