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Boletim de eugenia (1929-1931): um estudo sobre forças educativas no Brasil

Acadêmica: Lilian Denisi Mai

Orientadora: Maria Lucia Boarini

Ano: 1999

Resumo: Este trabalho procura resgatar alguns princípios do movimento eugenista e investigar a forma como foi proposta a educação eugênica no Brasil, nas primeiras décadas do século XX. Para tanto, propomos a análise histórica das categorias classe social, família e educação eugênica, discutidas e publicadas em 36 edições do periódico Boletim de Eugenia (1929-1931), um dos principais instrumentos de divulgação da eugenia em nosso país. A desigualdade social e as mazelas que se produziam com a intensificação da industrialização no Brasil colocavam-se como preocupações para a sociedade da época, diante do que os eugenistas propunham medidas para combater muitos problemas e doenças que afligiam a população. Tinham como argumento explicativo para tal situação as diferenças naturais de cada indivíduo, determinadas via hereditariedade. Focalizando o fenômeno biológico, negavam as contradições sociais, ao mesmo tempo que justificavam e eternizavam as diferenças de classe. Sob essa ótica, propunham o recurso eugênico como alternativa possível para alcançar o progresso nacional: multiplicação das famílias eugênicas e restrição progressiva das não eugênicas. Discutindo as questões da época e, em particular, a família, os eugenistas contribuíram na consolidação das características e funções da família burguesa e de seus componentes, apropriadas pela sociedade em geral. Apesar da primazia dada ao recurso eugênico como agente de transformação social, é possível afirmar que se configuraram forças educativas eugênicas importantes no período. Mas, a desvinculação entre a origem social das condições determinadas da época e os preceitos da eugenia, direcionava a sua proposta educativa a reforçar as diferenças sociais entre as classes, uma vez que não eram consideradas as suas respectivas condições de vida. Dada a ênfase em um paradigma biológico, os eugenistas apontavam também para os limites de qualquer função transformadora da sociedade através da educação.

 

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