A parceria família-escola: uma proposta dos higienistas
Acadêmica: Maria Silvinha Cararo Martins
Orientadora: Maria Lucia Boarini
Ano: 2005
Resumo: Esta pesquisa se insere nas investigações que vêm sendo desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisas sobre Higienismo e Eugenismo (GEPHE) vinculado ao programa de pós-graduação ao nível de mestrado, da Universidade Estadual de Maringá, sob o tema “A educação e os pressupostos do Higienismo e da E ugenia”. O objetivo deste estudo é compreender e analisar as propostas para aproximar a família da escola apresentadas pela Liga Brasileira de Hygiene Mental, nas décadas de 1920 a 1940, no Brasil. Nele se evidenciam os meios e as formas como se deram as ações de intervenção na família e na escola, considerando -se os movimentos sociais e as descobertas científicas ocorridos nessa época, que favoreceram novas elaborações na forma de pensar e constituir o mundo. Vale lembrar que os avanços médico-científicos desses momentos demonstraram à humanidade que as doenças orgânicas eram causadas por microorganismos vivos, que se reproduziam em ambientes e corpos sem higienização, por isso criar hábitos de higiene na população era tarefa urgente. Em articulação com o desenvolvimento científico, uma nova ordem econômica se estabelecia num meio cresc entemente citadino, o qual exigia uma nova forma de conduta da população urbanizada, que, por carência de estruturas sanitárias e por condições econômicas ínfimas, vivia em ambientes onde se originavam e proliferavam doenças. Este contexto científico e econômico legitimou as ações dos médicos higienistas, considerados, na época, os detentores dos conhecimentos biológicos que elaboraram ações para possibilitar mudanças no comportamento da população. Limitando nossa atenção à educação higiênica, buscamos compreender como estas intervenções higienistas foram conduzidas pela escola às famílias e à comunidade naquele m omento. Por assim ser propomos uma análise histórica dos projetos propostos pelos higienistas no que se refere às ações a serem desenvolvidas com as famílias e os alunos. Consideramos também que tais ações fazem parte da história social construída de forma não linear, mas entre contradições. Destarte partimos das análises dos projetos contemporâneos “Dia Nacional dos Pais na Escola“ e “Amigos da Escola”, os quais buscam aproximar a família da escola, com propostas para a participação dos pais na vida e na realidade escolar. Para finalizar, confrontamos os encaminhamentos propostos pelos higienistas com os projetos de atualidade, à luz dos acontecimentos histórico-sociais de uma sociedade que vive sob a égide do sistema capitalista. Concluímos que, apesar das transformações ocorridas quer na família quer na instituição escolar, a busca de solução para a crise da sociedade continua sendo atribuída ao indivíduo em particular, e neste caso, a família é este indivíduo, e vai ser chamada para assumir responsabilidades que eram de atribuição do Estado.