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O CAPSad na perspectiva dos usuários

Acadêmica: Marisa Garbrecht de Justi

Orientadora: Maria Lucia Boarini

Ano: 2010

Resumo: Este estudo teve como objetivo conhecer o potencial resolutivo de atuação de um Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas – CAPSad – na perspectiva dos usuários. Especificamente, buscamos compreender se a criação desse dispositivo de saúde pública tem contribuído, ou não, no tratamento das pessoas que fazem uso abusivo de álcool. Este estudo insere-se na temática A atenção à saúde mental em diferentes épocas do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Higienismo e Eugenismo – GEPHE. O recurso metodológico utilizado foi a pesquisa de campo de caráter qualitativo, desenvolvida por meio de entrevistas semiestruturadas junto a dezesseis usuários de álcool, dentre aqueles que estiveram em tratamento no CAPSad da cidade de Maringá no Estado do Paraná, e que receberam alta no período de 2003 a 2005. A análise e a interpretação dos dados coletados foram realizadas à luz da perspectiva histórica que busca entender e explicar o fenômeno com base nas múltiplas relações estabelecidas em um determinado contexto e momento histórico. Ao concluir este estudo, observamos a complexidade socioeconômica em que ocorrem o uso e o abuso do álcool, bem como as diferentes formas de entender e tratar os problemas decorrentes deste uso. O CAPSad, objeto deste estudo, é uma das estratégias de atendimento destinado às pessoas que demandam este tipo de cuidado e, na perspectiva dos usuários, configura-se como uma, dentre outras, contribuição no processo de abstinência. Diferentes fatores atrelados às condições históricas, como, por exemplo, a legalidade das bebidas alcoólicas, os interesses econômicos na produção e comercialização do álcool e o pensamento vigente na sociedade atual de que o indivíduo é o responsável por seus atos, fazem parte desta luta secular que a Saúde Pública e o seu usuário têm que enfrentar. Estes fatores somados aos pontos frágeis que o próprio dispositivo apresenta, a saber, o fato de os profissionais do CAPSad ter a abstinência como único critério de alta dos usuários, a não participação dos usuários e familiares nas reuniões semanais do dispositivo que visa construir um “desenho terapêutico” com aquele que demanda o cuidado e a não implementação do trabalho em rede, resultam em um potencial resolutivo insuficiente no caso problemático do uso abusivo de álcool e as sérias consequências deste uso. Estas são algumas das questões que se revertem em alto custo para a sociedade, porém a Saúde Pública tem pago, sozinha, uma conta que não é apenas dela.

 

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